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    BBC

    Por que Einstein teve que esperar que um eclipse confirmasse sua teoria da relatividade

    DA BBC BRASIL

    20/08/2017 14h57 - Atualizado �s 14h58

    Nasa
    Al�m da Am�rica do Norte, eclipse parcial poder� ser observado em localidades ao norte da Am�rica do Sul, �frica e Europa
    Am�rica do Norte ser� grande palco de eclipse que ocorrer� nesta segunda (21)

    Em 1905 nosso Universo mudou. Um funcion�rio de 26 anos que trabalhava no escrit�rio de propriedade intelectual da Su��a transformou nossa vis�o sobre o espa�o, o tempo, a mat�ria e a energia.

    Ele tinha uma gaveta secreta que, segundo dizia a seus amigos, era seu Departamento de F�sica Te�rica. Dali sa�ram, entre mar�o e junho daquele ano, cinco trabalhos cient�ficos que revolucionaram as leis da f�sica.

    Um deles foi um m�todo para determinar o tamanho dos �tomos, com o qual finalmente recebeu seu t�tulo de doutor (foi sua terceira tentativa).

    Os outros quatro s�o os chamados artigos do Annus Mirabilis (ano milagroso, em latim), que enviou para a revista Annalen der Physik. Eles explicavam o movimento browniano, o efeito fotoel�trico e desenvolviam a equival�ncia massa-energia e a relatividade especial.

    Com este �ltimo artigo, fez da velocidade da luz uma constante universal e derrubou as m�ximas newtonianas de espa�o e tempo.

    Uma d�cada depois, na �ltima de uma s�rie de confer�ncias na Academia Prussiana de Ci�ncias em que descreveu a teoria da relatividade geral, ele apresentou a equa��o que substituiria a lei da gravidade de Newton.

    Ah! Estamos falando de Albert Einstein.

    DOS S�CULOS DE NEWTON

    Desde 1687, a lei da gravita��o universal de Newton havia explicado tudo –desde o movimento do que estava sobre a Terra at� o movimento celestial dos astros. E, durante mais de dois s�culos, havia passado por todas as provas que foram postas diante dela.

    Em contraste, a nova teoria de Einstein tinha um problema que, apesar de genial, era dif�cil de resolver.

    Einstein chegou � teoria da relatividade geral raciocinando, deduzindo e experimentando hipoteticamente. Tudo foi um produto extraordin�rio de sua mente, n�o havia uma base experimental f�sica.

    Mas para derrubar uma teoria dominante, a nova deve poder fazer uma previs�o que mostre a diferen�a entre a ideia anterior e a que est� sendo proposta.

    E essa previs�o tem que ser posta � prova.

    Nasa
    Eclipse solar desta segunda (21) ser� transmitido ao vivo por ag�ncia espacial americana

    UM ECLIPSE TOTAL DO SOL

    A teoria de Einstein inclu�a uma previs�o te�rica que podia ser posta a prova durante um eclipse total do Sol.

    Sua hip�tese era que os raios luminosos que passavam pr�ximos do Sol deviam desviar-se ligeiramente devido ao campo gravitacional do corpo celeste.

    Para Einstein, a equival�ncia entre acelera��o e gravidade se estendia aos fen�menos eletromagn�ticos e a luz � uma onda eletromagn�tica. J� para Newton, a luz n�o tinha massa.

    A raz�o pela qual se necessitava de um eclipse total era porque somente quando a Lua passa diante do Sol e bloqueia sua luz o c�u fica t�o escuro como a noite e � poss�vel ver estrelas.

    Se Einstein estivesse certo, quando um observador da Terra visse essas estrelas durante um eclipse, suas posi��es pareceriam estar deslocadas por um trecho progressivamente maior, quanto mais pr�ximas elas estivessem do Sol.

    O terceiro eclipse

    Depois que Einstein exp�s sua teoria geral da relatividade em 1915, houve um eclipse em 1916, mas a Primeira Guerra Mundial interferiu. A pr�xima oportunidade seria em 1918, mas as nuvens n�o deixaram.

    Em 29 de maio de 1919, o astr�nomo brit�nico Arthur Stanley Eddington viajou � Ilha do Pr�ncipe, na costa oriental da �frica, com o objetivo de fotografar a luz das estrelas durante um eclipse e ver se a teoria de Einstein era correta. E conseguiu.

    Em 1919, haveria um novo eclipse. Duas expedi��es conjuntas foram planejadas para fotografar o fen�meno e verificar se a teoria de Einstein era correta - uma delas na Ilha do Pr�ncipe, na costa oriental da �frica, e outra em Sobral, no Cear�.

    Os resultados das expedi��es foram analisados pela Royal Society e pela Royal Astronomical Society.

    Em novembro de 1919, as institui��es anunciaram: "n�o h� d�vida de que (as imagens) confirmam a previs�o de Einsten. Se obteve um resultado muito definitivo de que a luz se desvia de acordo com a lei da gravita��o de Einstein".

    Essa mudan�a no caminho da luz das estrelas ao passar pr�ximo ao Sol derrubou a teoria de Newton.

    Os resultados do eclipse de 1919 fizeram com que Einstein e sua teoria se tornassem mundialmente famosos. Nos anos seguintes, os dados e as an�lises obtidos durante o eclipse de 1919 foram questionados. Mas estudos de outros eclipses ocorridos depois validaram novamente a teoria da relatividade geral de Einstein.

    E seguem validando. Assim, quando tiver a sorte de observar um eclipse total do Sol, repare se voc� v� algum ponto de luz pr�ximo da coroa vis�vel do astro. Ser� uma estrela, mas n�o se esque�a de que ela n�o est� precisamente onde voc� a v�.

    E lembre que esse conhecimento mudou a nossa vis�o sobre o Universo.

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