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      Ex-técnico da seleção, Lula defende "dar voz a quem faz o basquete"

      Supervisor do Franca, o ex-treinador e ex-dirigente da LNB diz que punição era prevista e quer uma mobilização maior de associações para mudar a modalidade

      Por Sorocaba, SP

      Lula Ferreira Franca Basquete (Foto: Reprodução EPTV)Lula Ferreira disse que a punição era prevista (Foto: Reprodução EPTV)

      O modo de gestão do basquete brasileiro tem que ser revisto e dar voz a quem faz a modalidade. Essa é a visão de Lula Ferreira, hoje supervisor do Franca, que conversou com o GloboEsporte.com logo após o duelo entre seu time a Liga Sorocabana, pelo NBB. Hoje fora das quatro linhas, Lula possui um currículo que engloba ter sido treinador da seleção brasileira entre 2002 e 2007 e dirigente da Liga Nacional de Basquete (LNB), instituição que organiza o campeonato nacional. Para ele, a punição da Fiba não é nenhuma surpresa e que o modelo de administração deve mudar. 

      – Acho que a punição já era uma coisa mais ou menos prevista. Como a CBB deixou de cumprir algumas tarefas importantes como deveria ter feito e não fez, automaticamente a entidade maior que manda no basquete não ia deixar em branco. O que agora a gente tem que fazer é, primeiro corrigir o que não foi feito, nunca mais deixar acontecer e, obviamente em uma reflexão, o modelo que se constituiu, que se mostrou ineficiente, então temos que mudar o modelo para não cometer os mesmos erros. 

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      Lula é presidente da ATBB, a Associação de Técnicos de Basquete do Brasil, que divulgou uma carta nesta semana comentando a punição imposta pela Fiba sobre a confederação brasileira. Para eles, estes movimentos, assim como a Associação de Atletas Profissionais de Basquetebol, esta presidida por Guilherme Giovannoni, deveria ter voz ativa na gestão da modalidade no Brasil. 

      – Ser atuante é uma questão do esquema da estrutura oferecida. A associação dos jogadores tem um voto em 28 [nas assembleias da confederação, como aprovação de contas], é um pingo n'água. O que a gente tem que rever é o formato de gestão, aproveitar essa oportunidade e dar voz a quem faz o basquete. Os técnicos fazem o basquete, os árbitros, jogadores, os clubes que são a maior célula do basquete brasileiro. Esses segmentos têm de ter voz ativa, eles não podem ficar à margem da administração. Acho que é o momento de rever essa situação e mostrar que modelos diferentes deram certo, vide Liga Nacional de basquete. 

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      Fora da realidade dos clubes

      Bauru Basket, Bauru x Flamengo, Panela de Pressão, NBB (Foto: Caio Casagrande / Bauru Basket)Bauru e Flamengo estão impedidos de jogar a Liga das Américas (Foto: Caio Casagrande / Bauru Basket)


      Fundada em 2008, a Liga Nacional de Basquete passou a organizar o campeonato brasileiro de uma forma independente. Porém, pela hierarquia começando pela Fiba e passando pela Fiba Américas, a LNB só pode realizar o torneio com a chancela da Confederação Brasileira de Basquete. Lula acredita que a CBB merece a punição, porém que esta suspensão não pode alcançar os clubes.  

      – Acredito que nesse ponto a Fiba poderia rever sua posição pelo seguinte, e nós estou dizendo pela associação dos técnicos, que eu sou o presidente. Nós vamos tentar fazer um movimento junto a outras categorias no basquete, como associação dos jogadores, dos árbitros e os clubes brasileiros. Porque os clubes brasileiros são regidos em seu campeonato pela Liga Nacional de Basquete. A CBB na organização hoje só toma conta das seleções. Então me parece assim, uma pena que vai recair sobre quem não tem nada a ver com isso. Flamengo e Bauru se prepararam, fizeram seus investimentos e todo treinamento visando essa participação, e agora subitamente não vão poder participar. Acho um pouco injusto. A injustiça não vem da parte de não punir a CBB, mas sim de recair sobre os clubes. Nesse ponto, e vai ser nosso pedido, que a Fiba reveja essa posição. 

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      A situação hoje e amanhã

      Carlos Nunes durante a entrevista na CBB (Foto: Thales Soares)Carlos Nunes tem mandato até março de 2017 (Foto: Thales Soares)

      A CBB divulgou na quarta-feira uma carta convocando uma coletiva de imprensa para explicar os fatos, anexando um memorando em inglês enviado pela Fiba. O documento da entidade internacional menciona que ainda em 2014 já deveria ter sido criada uma força-tarefa para verificar a situação da confederação. Ao GloboEsporte.com, o secretário-geral da Fiba, Patrick Baumann, disse que a intervenção na Confederação Brasileira de Basquete foi decidida durante os Jogos Rio-2016. Em março de 2017, haverá eleições na CBB, mas Lula não enxerga mudanças se outras entidades não tomarem alguma atitude. 

      – Acredito que vá depender muito de como as entidades brasileiras agora vão se mover, como Comitê Olímpico Brasileiro, Ministério do Esporte, esses segmentos do basquete que eu já citei. Depende de como a gente vai se mover. Se a gente ficar parado esperando, não vai mudar nada. Então temos que reivindicar algumas coisas, a ocasião mostra que temos que mudar isso, acho que alguma coisa pode mudar. A Fiba pode rever algumas coisas. Não é fugir da punição, temos que aprender com a punição. A punição, não cabe julgar se foi mais severa do que deveria. Esse não é o tema da discussão. O tema é o seguinte, como podemos fazer para não incorrer de novo nesses erros. Se o modelo continuar igual, daqui quatro anos estaremos chorando a mesma coisa.