Edição do dia 06/06/2016

06/06/2016 06h32 - Atualizado em 07/06/2016 04h50

Sérgio Machado afirma ter repassado R$ 70 milhões para cúpula do PMDB

Ex-presidente da Transpetro contou detalhes do esquema em delação.
MPF pediu autorização ao STF para aprofundar investigações.

Vladimir NettoBrasília, DF

O Ministério Público Federal pediu autorização ao Supremo Tribunal Federal para aprofundar as investigações contra senadores da cúpula do PMDB, citados na delação do ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado.

A investigação sobre os fatos relatados por Machado está entrando em uma nova fase. Já estão no gabinete do ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal os novos pedidos feitos pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O objetivo é rastrear o caminho do dinheiro desviado de contratos da Transpetro, que foi comandada por Sérgio Machado durante 12 anos - de 2003 a 2014. E também para descobrir se a propina movimentada pelo esquema está no Brasil ou no exterior.

Além de Sérgio Machado, três filhos dele também assinaram acordo com o Ministério Público Federal e estão colaborando com as investigações.

Machado contou aos procuradores que, para permanecer no comando da empresa, negociava contribuições de campanha oficiais e não oficiais para o PMDB com grandes empresas que tinham contratos com a Transpetro.

De acordo com o jornal O globo, Sérgio Machado, disse que o dinheiro repassado à cúpula do partido também servia para pagar despesas pessoais dos políticos e deu detalhes da distribuição de propina.

Ainda segundo O Globo, Machado disse que repassou R$ 70 milhões para a cúpula do PMDB - R$ 30 milhões para o senador Renan Calheiros, aproximadamente R$ 20 milhões para o senador Romero Jucá e outros R$ 20 milhões paro ex-presidente José Sarney. A TV Globo também confirmou as informações.

A delação inclui gravações de conversas que Sérgio Machado teve com o presidente do Senado, Renan Calheiros, o senador Romero Jucá, e o ex-presidente da República, José Sarney. Nas gravações, eles discutem formas de barrar o avanço da operação Lava Jato.

O ex-presidente José Sarney afirmou, em nota, que protesta, desmente e repudia a afirmação de Sérgio Machado de que ele tenha recebido R$ 20 milhões. E ressalta a total falta de caráter de quem foi amigo por mais de 20 anos, frequentando com assiduidade
a casa dele, almoçando e jantando com ele, e fazendo visitas frequentes. E que teve a vilania de gravar as conversas, até mesmo em hospital, o que revela o monstro moral que Sérgio Machado é. Diz que vai processá-lo por denunciação caluniosa, pois não existe qualquer envolvimento dele nos fatos investigados pela operação Lava-Jato, ou em qualquer outro ilícito. O ex-presidente não descarta a construção de uma armadilha. Diz que a conduta do senhor Sérgio Machado mostra total falta de credibilidade. E termina afirmando: repudio pessoa tão abjeta, que, insisto, vou processar.

O presidente do senado, Renan Calheiros, do PMDB, voltou a dizer  que nunca recebeu vantagens indevidas, nem indicou qualquer pessoa para a Petrobras ou o setor elétrico. Disse também que sempre teve uma relação respeitosa e de estado com Sérgio Machado.

A defesa do senador Romero Jucá, também do PMDB, disse que  não teve acesso ao conteúdo da delação de Sérgio Machado. E afirmou que Jucá sempre negou qualquer irregularidade.

A defesa de Sérgio Machado disse que o acordo de delação premiada permite a adesão de familiares, mas que não pode comentar o conteúdo das informações por conta do sigilo do processo.

 

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