cr�tica: Forma contida faz de 'Churchill' filme belo, mas ao qual falta alma
CHURCHILL (regular)
(Churchill)
DIRE��O Jonathan Teplitzky
ELENCO Brian Cox, John Slattery, Ella Purnell
PRODU��O Reino Unido, 2017, 12 anos
Veja salas e hor�rios de exibi��o.
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Tudo est� no seu lugar em "Churchill", quinto longa-metragem de Jonathan Teplitzky (de "Uma Longa Viagem"). A come�ar pelo respeito que o diretor tem por seus atores, principalmente por Brian Cox (como Churchill) e Miranda Richardson (como sua companheira).
Vemos o mais famoso dos primeiros-ministros brit�nicos no per�odo que antecedeu o famoso Dia D, do desembarque na Normandia, uma ofensiva que ele inicialmente reprovava e temia por ser arriscada demais.
N�o vemos uma cena de guerra sequer. Alguns soldados s�o mostrados, mas nunca durante a batalha. Acompanhamos apenas os bastidores, as in�meras discuss�es daqueles que queimam neur�nios atr�s de grandes mesas.
"Churchill" � um filme de texto e de atores. Teplitzky confere certa eleg�ncia � representa��o. Sua c�mera est� frequentemente postada a uma certa dist�ncia da a��o, o que nos convida � contempla��o, especialmente nos longos momentos em que Winston Churchill se consome em d�vidas e receios.
Quando se aproxima do rosto dos atores, geralmente � para captar um pouco da intensidade que deles se desprende. Como se trata dos dias anteriores � jogada decisiva, tudo � intensidade. Churchill est� como um barril de p�lvora com o pavio j� se esvaindo.
E a� encontramos o principal problema, justamente no "tudo em seu lugar", que est� em desacordo com o "tudo � intensidade". A forma do filme parece querer conter essa intensidade, n�o deixando muito espa�o para o jorro, o tortuoso, o inesperado, em suma, a inven��o.
Temos muito c�lculo, algum rigor, mas falta alma. Ou, ao menos, a alma que h� no filme, e vem dos atores, est� sempre represada pela forma. E a forma, para o filme funcionar, teria de ser mais modulada, ou ainda mais rigorosa, o que resultaria em outro filme, algo como um longa de B�la Tarr (e nesse caso os atores � que seriam inadequados).
Os duelos morais entre Churchill e Dwight Eisenhower, por exemplo, sugerem essa conten��o, talvez inconscientemente. O Churchill composto por Brian Cox est� sempre � beira da explos�o (de que outra maneira interpretar uma personalidade t�o carism�tica?).
O Eisenhower de John Slattery (outro ator extraordin�rio) procura se conter para dominar o opositor pela frieza e pela compostura. Sabe que sua �nica chance � o clamor da raz�o, da censura �s explos�es emocionais que poderiam colocar em risco a estrat�gia de guerra (mas que, por outro lado, s�o importantes como for�as de motiva��o).
Talvez o sucesso de Eisenhower seja o fracasso do filme. A conten��o soterra o risco. H� uma �nica exce��o: o momento em que a jovem secret�ria Helen Garrett (Ella Purnell) d� uma ousada bronca em Churchill. E s�.
Parece que estamos vendo uma partida de futebol em que um time convence o outro de que o melhor placar � o zero a zero.
Por mais que o momento t�o esperado do discurso final, o famoso "We shall never surrender", emocione, o que temos, no geral, � um filme dentro de uma redoma art�stica em que ele se preserva como intoc�vel, distante. Uma obra de belo visual, mas protegida por um espesso peda�o de vidro.
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