CORINTIANS GANHA DE 2 A 0 COM GOL SURPRESA DE MANÉ GARRINCHA
|
Publicado
na Folha de S.Paulo, domingo, 20 de mar�o de 1966
|
|
Neste texto foi mantida a grafia original
|
Cinquenta mil pessoas, ontem � tarde no Pacaembu, viram Garrincha
marcar um gol de forma que n�o ser� repetida em nenhum campo de futebol
do mundo. "Man�" Garrincha, aos 34 m da fase inicial, recebeu de Tales
uma bola que tinha sido lan�ada por Flavio. Controlou-a pela direita,
fintou seu marcador Renato e avan�ou pela direita, evitando que o
quarto-zagueiro Dias o interceptasse. Quase sobre a risca da linha
de fundo e a cinco metros do gol, Garrincha chutou e a bola bateu
no poste oposto ao lado do arremate para entrar no arco. Esse lance
e mais o segundo tento do Corintians, marcado por Tales na segunda
fase, arrematando uma bola que se demorara nos p�s dos avantes corintianos
atrav�s de passes longos e curtos, foram os unicos lances espetaculares
da partida que se desenvolveu em ritmo lento, com pouquissimas finaliza��es,
com raros lances de emo��o e com predominio total das defensivas sobre
os avantes adversarios.
|
Pobre |
O prelio foi pobre tanto no aspecto tatico como no tecnico. No primeiro
nada se registrou e as duas defensivas não encontraram dificuldades
em atuar, mormente nas antecipações para o desarme dos
adversarios. As substituições feitas pelos tecnicos
não modificaram o panorama do jogo. Os avantes do São
Paulo, notadamente os chamados "de area" como Prado e Babá,
não conseguiram jamais criar boas condições para
finalizar. Prado cedeu seu lugar a Quarentinha e Babá foi substituido
por Benê mas tudo ficou no mesmo. O ponteiro Faustino, fora
de condições fisicas ideais, foi substituido pelo avante
Zé Roberto tambem sem qualquer efeito. O mesmo aconteceu com
o Corintians. Tales, a não ser no lance do segundo gol, nunca
conseguiu entrosar-se com Flavio; este perdeu-se em corridas inuteis
alem de ter cometido erros tecnicos fundamentais, ora atrapalhando-se
com a bola ora lançando-a sem qualquer controle de tempo e
espaço. As substituições de Flavio por Nei e
de Tales por Rivelino, reclamadas por uma torcida que ansiava por
maior numero de finalizações, tambem foram inuteis.
Gilson Porto, atabalhoado mas esforçado, completou esse quadro
do ataque corintiano que teve, em compensação, uma linda
moldura: Garrincha, com seus cruzamentos e fintas, executados, infelizmente,
em pequeno numero.
|
Juiz
completou |
Para completar mais ainda o que poderia ter sido um grande espetaculo
futebolistico, contribuiu a atua��o do arbitro Airton Vieira de Morais,
"Sans�o", como � chamado, truncou a partida seguida e desnecessariamente
e perdeu-se em chamar a aten��o de quase todos os jogadores que atuaram.
N�o teve coragem de expulsar Jair Marinho e Paran� que estavam �s
turras, mas a teve de sobra quando acusou penalidade maxima cometida
por Dias (que estava fora da area) em Tales (que estava dentro dela).
A penalidade irritou os torcedores do S�o Paulo que, no entanto, explodiram
de alegria momentos depois, quando o guardi�o Fabio (em sua segunda
partida no S�o Paulo), defendia a falta maxima cobrada por Dino que
colocou a bola, com for�a, no canto direito.
|
Corintianos |
Em sintese,
a atuação dos jogadores do Corintians foi a seguinte:
Heitor: só teve que se empenhar uma vez, com exito quando,
aos 44 m da fase final, Paraná arrematou alto no canto direito.
Jair Marinho: às turras com Paraná , levou vantagem.
Ditão: não teve maior trabalho.
Galhardo: foi o mais exigido na defensiva e atuou com classe, tecnica
e segurança.
Edson: moroso em demasia mas vigilante e tecnico; abusou dos passes
longos.
Dino: atuou tranquilamente, dominando o meio do campo.
Nair: apoiou bem a Dino e procurou, em vão, acionar o ataque.
Garrincha: foi o melhor do ataque corintiano conquanto tenha sido
muito vigiado por Renato e por Dias, que lhe fazia a cobertura.
Flavio: totalmente dominado; desarvorado.
Tales: bom nas deslocações e esforçado; não
teve companheiro para o jogo de area.
Gilson Porto: menos veloz do que habitualmente mas esforçado.
Nei e Rivelino: tiveram poucas oportunidades de atuar.
|
S�o
Paulo |
Fabio:
excelente nas saidas da area e do gol. Seu maior merito foi ter defendido
a penalidade maxima cobrada por Dino.
Celso: não permitiu ação melhor de Gilson Porto.
Belini: comandou na pequena area.
Dias: vigilante e esforçado nas coberturas, não teve
chance de alimentar o ataque.
Renato: marcador atento: mas foi fintado varias vezes por Garrincha.
Nenê: o melhor do meio campo tricolor mas recuado em demasia.
Fefeu: perdeu o jogo de meio campo para os corintianos.
Faustino: superado por Edson.
Prado: totalmente dominado.
Babá: nada fez de util.
Paraná: preocupou-se em lutar com Jair Marinho e levou vantagem
em alguns lances. Foi o melhor do ataque do São Paulo.
Zé Roberto: dominado pelos seus marcadores.
Benê: não apareceu.
Quarentinha: não teve qualquer oportunidade.
|
Corintians,
2.
São Paulo, 0.
No Pacaembu.
Torneio Rio-São Paulo.
Juiz: Airton Vieira de Morais
Renda: Cr$ 71.470.000 - 48.199 pagantes.
Gols: 1.o tempo (1 a 0) - Garrincha, aos 34 m; 2.o tempo - Tales,
aos 33 m.
Corintians: Heitor; Jair Marinho; Ditão, Galhardo e Edson;
Dino e Nair; Garrincha, Flavio (Nei aos 39 m do 2.o tempo); Tales
(Rivelino, aos 38 m do 2.o tempo) e Gilson Porto.
São Paulo: Fabio; Celso, Belini, Dias e Renato; Nenê
e Fefeu; Faustino (Zé Roberto, aos 12 m do 2.o tempo); Prado
(Quarentinha, aos 25 m do 2.o tempo); Babá (Bebê no segundo
periodo) e Paraná.
Tecnicos: Osvaldo Brandão (Corintians) e Aimoré Moreira
(São Paulo).
Ocorrencias: Aos 19 m da fase inicial Fabio defendeu penalidade maxima
praticada por Dias em Tales e cobrada por Dino Sani.
|
©
Copyright Empresa Folha da Manhã Ltda. Todos os direitos
reservados. � proibida a reprodu��o do conte�do desta p�gina em
qualquer meio de comunica��o, eletr�nico ou impresso, sem autoriza��o
escrita da Empresa Folha da Manhã Ltda.
|
|